O desligamento (abwendung) é uma evitação do encontro com o outro sexo. É, antes, conforme Freud concebeu em O mal-estar na civilização, uma técnica de satisfação em que se coloca o gozo antes da cautela. Nestes termos, o desligamento encontra nos tempos atuais suas condições favoráveis, dado que estamos na época dos gadgets, que, à serviço da tecnologia, facilitam a exclusão do laço e o empuxo ao gozo solitário.
A dimensão autoerótica do gozo retorna na adolescência como resposta ao abalo da suposição de que haveria harmonia entre as pulsões sexuais e a corrente tenra na primeira infância. O que se inaugura na adolescência é o atravessamento da impossibilidade de conjunção pretendida outrora, culminando, enfim, na ruptura com o Outro.
Se, por um lado, há a presença do desligamento do laço, há, em compensação, um ligamento da pulsão. Trata-se de um ponto fixo irredutível do sintoma que se apresenta de forma muito nítida a partir do uso particular que o sujeito faz do corpo. Afinal, se houve desligamento do Outro, é no corpo que a pulsão retorna e é aí onde reconhecemos a faceta visível desse tipo específico de defesa.
É no corpo desligado do Outro que se apresentam as modalidades subjetivas nas quais predominam aquelas que concernem às substâncias como as toxicomanias, distúrbios alimentares, entre outras. Dessa forma, é evidente que não são as coisas do amor que encontramos nos nós dos sintomas, mas, sim, os objetos a como produtos da tecnologia e do mercado.
Em todo caso, encontramos na raiz do desligamento um ponto de fixação que, se retirado do sujeito, pode lhe trazer muitos danos. Por isso, no manejo clínico com esses sujeitos, devemos ter cautela para não “forçar a relação”, pois é se mantendo na margem do laço com o Outro que eles podem encontrar uma mínima estabilidade.
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