Facebook Instagram
TelefoneTelefone (ou WhatsApp): (31) 99218 0676

Indicativos da esquizofrenia

Escrito em: 16 de março de 2023 Autor: Fábio Brandão
circulo retangulo

A esquizofrenia é um quadro que foi descrito e conceituado a partir do século XIX em um momento em que a psiquiatria começava a surgir como especialidade médica e, por esse motivo, tentava criar entidades nosológicas e classificações próprias. Foi nesse contexto em que Kraepelin produziu uma primeira classificação dos transtornos psiquiátricos e a Esquizofrenia já aparecia nela, mas ainda não com essa nomeação.  Seu primeiro nome foi Demência Precoce, porque o autor, ao cuidar de seus pacientes, percebia que era um quadro que acometia pessoas jovens e que acabava por ter evoluções desfavoráveis. Tentou-se, assim, estabelecer delimitações acerca de sua etiologia, seus sintomas, curso e tratamentos possíveis.

O termo esquizofrenia é criado por outro psiquiatra chamado Bleuler e sua etimologia é de extrema importância para entendermos melhor o quadro: Esquizo = divisão e phrenia = mente. Desse modo, a esquizofrenia diz respeito a um quadro em que a mente do paciente seria cindida – ou seja, há uma desarmonia interna do funcionamento psíquico e uma quebra radical do contato com a realidade. 

Durante o século XX, a prática clínica sofreu diversas transformações com a consolidação do modelo anátomo-clínico e com o surgimento das principais medicações usadas atualmente. A medicina torna-se, ela mesma, industrializada e essencialmente biologista – ou seja, só consegue conceber e tratar questões de saúde a partir de perspectivas neuroquímicas, biológicas e genéticas. É nesse momento em que surgem os manuais estatísticos que vão estabelecer critérios probabilísticos e sintomas universais para se classificar a esquizofrenia, que a nosso ver, parece algo múltiplo, complexo e difícil de ser enquadrado em critérios estritos e idênticos para  todas as pessoas.

Assim, nesse texto, tentaremos um retorno aos psiquiatras que descreveram a esquizofrenia psicopatologicamente e não iremos trabalhar critérios de guidelines aqui. Trabalharemos alguns dos possíveis sintomas que podem aparecer no início e no curso desse transtorno psiquiátrico e que podem indicar necessidade de avaliação e tratamento. 

O retraimento afetivo é um dos principais sintomas no processo evolutivo do transtorno. Há uma diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva, por vezes dificuldade de expressar e sentir as emoções e os sentimentos e também de expressá-los. Há incapacidade do paciente em modular suas respostas afetivas – podendo chegar a um estado mais grave conhecido como embotamento afetivo. Esse sintoma costuma vir associado a alterações da vontade, ao que vamos chamar de hipovolição. O sujeito vai progressivamente perdendo o interesse e o prazer no contato com o mundo, com as pessoas, nos estudos, no trabalho. Esses dois sintomas costumam ter como consequência um progressivo isolamento social do paciente e dificuldade de se relacionar de maneira mais duradoura e aprofundada com outras pessoas. 

Outro grupo de sintomas que é muito presente nos quadros esquizofrênicos é dos delírios e as alucinações. As ideias delirantes (ou delírios) são juízos patologicamente falsos que possuem as seguintes características: convicção extraordinária e não são susceptíveis a influência. Mas o que isso quer dizer? São ideias muito intensas que dominam a vida psíquica daquela pessoa, e que não podem ser removidas a partir de argumentações lógicas. Ou seja, as ideias delirantes são vivências, normalmente, individuais e não compartilhadas com as outras pessoas. O tipo de delírio mais comum é o que chamamos de persecutório: o paciente acredita que o estão vigiando, querendo prejudicá-lo de alguma maneira ou mesmo matá-lo. 

As alucinações são percepções claras e definidas de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença de objeto estimulante real.  As alucinações auditivas são o tipo mais frequente nos transtornos psiquiátricos. Podem ser comentadoras, quando comentam as ações dos indivíduos, de comando quando mandam o sujeito fazer coisas ou mesmo depreciativas quando são ouvidas como xingamentos.

Esses são alguns dos muitos sintomas que podem aparecer no início ou mesmo na evolução dos quadros esquizofrênicos. Normalmente, exigem tratamento, uma vez que estão associados ao intenso sofrimento de quem os vivencia. Esse cuidado é entendido como muito mais amplo do que somente o uso de medicações – que também são importantes. O tratamento multiprofissional, levando em conta as singularidades de cada paciente, é essencial para construção de caminhos que levem à melhora da vida como um todo dos sujeitos acometidos por esse quadro.

 

Gostou? Compartilhe nas suas redes!

Conta pra gente: qual sua opinião sobre esse texto?

Todos os campos devem ser preenchidos. Seu email não será publicado.

Conhece os tratamentos e cuidados do Freud Cidadão?

Clique em uma das opções ou agende diretamente uma consulta clicando aqui ou ligando ou escrevendo (via Whats App):

Telefone (ou WhatApp): (31) 99218 0676 /
3213-7857 / 3227-2306