Alcoolismo e outras drogas

No tratamento do alcoolismo e do uso de outras drogas, é necessário que a pessoa esteja e se mantenha abstinente?

Poderíamos dizer, a princípio, que essa não é uma conduta única e que a prescrição do tratamento adequado para cada um depende de alguns fatores.

Se o uso de uma substância estiver assumindo proporções graves que colocam em risco a vida do paciente, será preciso propor uma conduta terapêutica que suprima o uso exagerado. Mas nem todos os casos necessitam dessa prescrição como condição para entrada no tratamento. Além disso, temos uma questão que provoca muitas dúvidas nos profissionais que cuidam de pacientes dependentes químicos: comumente ouvimos que o uso de uma substância “esconde” o diagnóstico correto ou tamponaria a estrutura subjetiva. Como tratamento, propõe-se “limpar” a toxicomania ou o alcoolismo, através da abstinência para encontrarmos o diagnóstico correto ou a estrutura subjetiva. Será mesmo assim?

Podemos apostar em um outra direção e pensar que quando fazemos um diagnóstico na clínica da dependência química, é preciso, antes de tudo, ir em busca do diagnóstico da função do álcool ou da droga para cada pessoa, pois essa função também permite localizar melhor o diagnóstico. Cessar o uso de uma substância a qualquer custo, e sem uma indicação terapêutica precisa pode ser muito maléfico para alguns pacientes. Sabemos que quando vai em busca de uma substância de forma excessiva, vai em busca também de uma solução para tratar seu mal estar, sua dor de existir. Se pretendemos cessar um uso, sempre será necessária prudência.